“O mecanismo da experiência ética é, pois, o seguinte: leva-se uma experiência real até transformá-la em aparência, dissolve-se a aparência no dever-ser, faz-se do acidente contingente um movimento puro, e deste uma ideia de movimento, isto é, uma palavra. (…) O criador produz os seus personagens para viver através deles, até ao fim, as suas próprias possibilidades e, assim, delas se despojar. Ele se libertará dos seus desejos, dos seus maravilhamentos, das suas últimas ilusões, como de suas obsessões. (…) A Santidade era o mais-além do nada; mas como ela se torna linguagem e como Genet fala, esta se atinge como mais além da Santidade, como liberdade. A experiência moral produz o mesmo resultado que a experiência artística; (…)”
Jean-Paul Sartre in Saint Genet – Comédien et Martyr
“Talvez seja a sua solidão moral – à qual aspiro – que me faz admirar os traidores e amá-los. Este gosto pela solidão é a prova do meu orgulho, e o orgulho a manifestação da minha força, sua utilização, e a prova dessa força. Pois eu terei cortado os laços mais sólidos do mundo: os laços do amor. Como precisarei amar para desse amor retirar o vigor suficiente para destruí-lo.”
Jean Genet in Diário de um Ladrão
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