Hamartia é um exercício performativo em work in progress e que resulta de um processo de formação iniciado, com os participantes, em Outubro deste ano e que se apresenta ao público, ainda em fase embrionária.
Sinopse
Hamartia (conceito) é a falha, o erro trágico cometido pelo herói que o leva à sua queda final… é o deslize último que reverte todo percurso heróico da personagem conduzindo-a à infelicidade perene e à auto-destruição. Foi este o tema condutor de um processo criativo, onde os participantes exploraram comportamentos performativos, baseados na memória individual.
Trabalhou-se a partir de quatro personagens que, na acção, não se relacionam de uma forma directa entre si: Antígona, Narciso, Ícaro e Prometeu. Nestas três últimas, a falha cometida leva-as à sua própria destruição, Antígona, que também acaba por ter um fim trágico, não comete nenhum erro ou falha, mas ao desafiar Creonte, acaba por de alguma forma, provocar neste, o erro.
Hamartia é um exercício transdisciplinar onde se pretende iniciar uma exploração/reflexão sobre os espaços-tempo da acção. Uma sequência de acções é executada pelos participantes explorando diversos espaços de um edifício e da qual é feito um registo videográfico. Este mesmo registo da acção (passada) e do espaço onde ela é executada é projectada no mesmo espaço onde os performers executam essa mesma sequência. Neste momento existe uma convivência simultânea entre o tempo-passado e o tempo-presente. Poderíamos talvez afirmar que a acção da imagem projectada se refere ao tempo-passado, em contraposição com a acção (performance) a que assistimos, supostamente, em tempo-presente. Mas a imagem ao ser projectada naquele espaço-tempo partilhado não presentificará esse momento passado?
Por outro lado temos dois espaços distintos, o palco onde a acção é executada (a que chamaremos espaço 1) e um denominado segundo espaço que engloba os vários espaços do edifício onde a acção foi filmada/registada (a que chamaremos espaço 2). Ao trazermos (projectarmos a imagem do) o espaço 2 para dentro do espaço 1 continuaremos ainda assim a ter dois espaços? ou passamos a ter apenas um só espaço que abarca outros espaços e micro-espaços?
E quando projectamos em tempo real a acção executada pelos participantes no espaço do palco, continuamos a trabalhar sobre o mesmo tempo, mas será que continuamos a ter apenas um só espaço? Ou a projecção deste espaço, desta acção executada criará já ela própria um outro espaço?
Algumas destas questões e as tentativas de lhes dar respostas serão continuadas na fase posterior deste projecto. Durante o caminho cometeremos certamente alguns erros e falhas que, esperamos, não nos levem à queda final.
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Ficha Artística:
Concepção, direcção artística e espaço: Helena Botto // Intervenientes na acção:
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